Jun 30, 2015

Como escolher seu curso de inglês

Muitas vezes me perguntam sobre orientações a respeito de cursos de inglês. Então, vamos lá!

Minhas dicas de ouro são:

1) Fuja de franquias que prometem "inglês rápido". 

Infelizmente, inglês rápido não existe. Ou, se existe, é apenas um super basicão que não servirá muito quando você precisar. Com 3 semestres de inglês, a pessoa aprende a sobreviver. Ela será capaz de falar um pouco sobre si (nome, onde mora, o que gosta, algo sobre a família) e terá um pouco de conhecimento de inglês funcional (como pedir informações, pedir comida em um McDonald's, talvez falar sobre saúde - se tem alguma dor, ou algo assim). O problema é que a pessoa poderá até falar estas coisas, mas dificilmente entenderá a resposta de um falante nativo do inglês. Quer um exemplo? Você vai ao McDonald's em Orlando e daí você fala "A Coke, please". Até aí, ótimo! Mas o atendente vai te fazer estas perguntas numa velocidade que deixará você meio confuso:
"diet or regular? / wanna more ice?/ small, medium, large? Refil? Take off?" Inglês "rápido" não preparará você para entender tudo isto e muito menos responder. Falo por experiência própria. Já vi inúmeras pessoas passarem por esta situação. 

De acordo com várias pesquisas, a pessoa precisa de pelo menos 3 anos de inglês para chegar a um nível de autonomia. Eis uma citação de uma pesquisa nesta área:

"The clear conclusion emerging from these data sets is that even in two California districts that are considered the most successful in teaching English to LEP students, oral proficiency takes 3 to 5 years to develop, and academic English proficiency can take 4 to 7 years." (Fonte: Kenji Hakuta et al)

Traduzindo: "A conclusão clara que resulta destes dados é a que mesmo em dois distritos da Califórnia que são considerados os mais bem sucedidos no ensino de inglês para estrangeiros, proficiência oral leva de 3 a 5 anos para se desenvolver, e proficiência acadêmica pode levar de 4 a 7 anos."

2) Fuja de escolas que usam o método de tradução.

Como você já deve ter notado, inglês e português são duas línguas DIFERENTES. Isso significa que elas não têm sempre equivalentes iguais em termos de vocabulário e estrutura gramatical. Logo, ensinar o inglês traduzindo palavra por palavra para o português, ou vice-versa, é falho. Há uma infinidade de palavras que existem apenas em uma destas línguas; e há emprego de certas estruturas gramaticais (posicionamento de verbos/adjetivos; gênero/número em substantivos; conjugação verbal, etc.) que simplesmente são próprias de uma língua ou de outra. Fazer com que os alunos traduzam tudo faz com que eles pensem em português antes para traduzir depois. Nisso, eles já perderam um tempão e se deparam com impossibilidades. Daí, eles "travam". Não produzem mais nada. Nem precisa dizer que alunos assim dificilmente se tornarão fluentes, né?

Os melhores métodos são os que ensinam o inglês seguindo o método cognitivo. Aos poucos, os alunos vão internalizando as estruturas do inglês, sem precisar traduzir tudo. Lógico que às vezes traduzir algum termo é mais fácil, mas criar esta dependência é ruim. 

Eis algumas informações sobre métodos de ensino aqui.

Uma citação da pesquisa acima:
Estratégias Cognitivas: essa é uma das estratégias essenciais na aprendizagem de uma nova língua. Tanto Oxford quanto O’Malley e Chamot concordam sobre sua importância. O aprendiz utiliza a estratégia cognitiva quando ele compreende e produz uma nova informação. Os meios utilizados dentro dessa estratégia são: praticar através da repetição, praticar os sons da língua, fazer anotações ou resumos sobre as novas informações adquiridas, assistir filmes, seriados de TV, noticiários, ouvir música.


3) Escolha um curso que caiba no seu orçamento.
Ainda bem que hoje em dia há uma oferta imensa de cursos, de preços variados. Escolha um que caiba no seu orçamento, pois você ainda terá que pagar o material e os custos de locomoção para frequentar o curso. Se você se apertar - ainda mais na crise atual que nossos queridos governantes nos impuseram - a primeira coisa que você vai abrir mão vai ser seu curso. Então, pesquise bem.
Se optar por cursos online, recomendo os da BBC ou do British Council. Mas, há uma infinidade de cursos. Pesquise, pergunte para quem já fez. 

4) Defina seus objetivos.
Você quer inglês para quê? É para viajar? É para o ENEM? É para uma entrevista de emprego? É para um mestrado? É para diversão apenas? Sabendo bem o que você quer ajuda a definir que tipo de curso servirá para você. Mas, lembre-se sempre que o maior responsável pelo seu sucesso é você mesmo. Pagar o curso e raramente ir não ajudará em nada. Chegar mais de 20 minutos atrasado e sair antes também não. E ficar no celular durante a aula, nem se fala! Acredite, tem adulto que faz tudo isto - e eles estão pagando para aprender.

Bem, boa sorte na escolha e na longa caminhada. 

2 comments:

Anonymous said...

Eu tenho um amigo americano de longa data e ele que já foi jornalista, trocou a profissão pela de professor de intercâmbio - pra isso, ele que é americano, formado em jornalismo, teve que estudar mais dois anos para poder lecionar - estou comentando isso só para pessoas terem uma ideia de como as coisas são por lá, PROFISSA NO ÚLTIMO! Tempos atrás perguntei para ele quanto tempo uma pessoa que não sabe nada de inglês precisaria para ficar fluente no idioma e a resposta foi direta e reta, morando em país de língua inglesa, 2 anos de estudos em tempo integral - acho que já está respondido, né? Portanto, esse papinho de fazer inglês 2 vezes por semana, 3 horas cada aula não lhe trará fluência no idioma.

Magda Mendes said...

pois é, eu realmente detesto a propaganda enganosa de que a pessoa aprenderá rápido! Primeiro, porque cada pessoa tem seu ritmo; segundo, como vc disse, precisa de estudo integral. Chegar a ser fluente com aulas 2 x por semana é possível, porém não em 1 ano, como alguns cursos afirmam. Sou professora há mais de 20 anos e vejo isto todos os dias. Os alunos que saem totalmente fluentes nas 4 habilidades (falar, entender, ler e escrever) precisam de pelo menos 4 anos.
Obrigada pela contribuição :)